sábado, 11 de outubro de 2008

Novo Disco do Metallica!

Mais um grande disco de uma das maiores bandas de Rock da história... mas o que isto tem a ver com a física?
A resposta está na capa do disco:

O título do novo disco é Death Magnétic, e apresenta as linhas de campo magnético em torno de um caixão, como se este fosse um ímã. Esta imagem é obtido colocando-se um ímã sob uma folha de papel e despejando limalha de ferro (pó de ferro) sobre a folha, os fragmentos metálicos se alinham mostrando as linhas de campo magnético em torno do ímã, que são invisíveis. 

A maior concentração das linhas de campo indica uma intensidade maior do campo magnético, e isto ocorre nos pólos do ímã. Por definição elas saem do pólo norte em direção ao pólo sul. Podemos "ver" o campo usando uma bússola, onde a agulha alinha-se com ele, podendo ser a representação do vetor campo magnético.

Aqui temos um vídeo que mostra este fenômeno:



Este campo magnético também está presente no Planeta Terra, mas falaremos disto em outra postagem.

Mas não foi apenas o Metallica que usou uma imagem clássica da física em seu disco, a lendária banda Pink Floyd já fez uso deste recurso na década de 70, compondo uma das capas mais conhecidas de todos os tempos, no melhor disco da história da banda (minha opinião), o albúm "The Dark Side Of The Moon".

Neste disco temos a decomposição da luz feita por uma rede de difração. Este fenômeno ocorre devido a refração da luz branca ao atravessar um prisma, gerando a separação das cores. Ao emergir temos o espectro da luz, nas cores Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul, Anil e Violeta.

É isso ai, as maiores bandas da história também usam a física como forma de arte.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Maurren Maggi, a voadora!


Foto: Marcelo Pereira/Terra

Mais um ouro para o Brasil em Pequim, desta vez o primeiro feminino individual na história para o nosso país.
Depois de 3 anos afastada de competições voltou e foi campeã. Mas vamos analisar fisicamente seu salto.
No salto em distância temos um lançamento oblíquo (balística), onde para um maior alcance horizontal (objetivo do salto) o atleta deve pular formando um angulo de 45o com a horizontal, associado a uma grande velocidade.
Com o valor da aceleração da gravidade local e o alcance horizontal, podemos calcular a velocidade da atleta no início do salto (vo), o tempo de vôo e a altura máxima atingida por ela.


O tempo de vôo do atleta é dado por:


O alcance horizontal (D) é dado por:


Substituindo a primeira na segunda temos:


Como:


O alcance é dado por:



Considerando que a Maurren conseguiu o ângulo perfeito de 45O e sabendo-se que g=9,8m/s2 e seu alcance foi de 7,04m, temos:




Portanto sua velocidade no momento de lançamento foi de aproximadamente 30km/h.

O tempo no ar é dado por:


Sua altura máxima foi:

O tempo usado neste cálculo foi metade do total, pois é o tempo para a atleta atingir a altura máxima.

Parabéns Maurren Maggi!



segunda-feira, 18 de agosto de 2008

PHELPS X CIELO



Quem é o homem mais rápido dentro da água?

Depois da fantástica semana da natação nas olimpíadas, com vários recordes batidos, tivemos dois grandes destaques: o norte americano Michael Phelps, com 8 ouros olímpicos, e o brasileiro César Cielo, ouro nos 50m livre e bronze nos 100m livre.

Agora quem é o mais rápido destes dois? Vamos calcular.

A velocidade média é dada por:


A prova mais rápida do americano foi nos "200m livre", com o tempo de 1min 42,96s (102,96s):



A prova mais rápida do brasileiro foi nos "50m livre", com o tempo de 21,30s:





Portanto o homem mais rápido dentro da água é o brasileiro César Cielo.

Desta forma o Americano Phelps é o melhor nadador e atleta olímpico de toda história, devido suas conquistas mas, atualmente, César Cielo é o nadador que tem a maior velocidade em todo o mundo.

Parabéns César Cielo!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Olho eletrônico


Nesta semana em uma das minhas aulas de óptica, sobre o olho humano, surgiu uma discussão sobre o uso de sensores de câmera digital, acoplado eletronicamente ao cérebro, para a geração de imagens para pessoas cegas.
A grande dificuldade neste tipo de aplicação seria a ligação dos sensores eletrônicos aos neurônios, mas acredito que um dia isto será possível.
Coincidentemente na edição desta semana da revista NATURE saiu uma matéria sobre o desenvolvimento do olho eletrônico:
A seguir a matéria a respeito deste trabalho na revista da FAPESP:

7/8/2008

Agência FAPESP – Em uma das cenas mais memoráveis de O Exterminador do Futuro

(1984), o andróide vivido por Arnold Schwarzenegger remove um globo ocular que acabara de ser destruído, atira a peça em uma pia e deixa no lugar apenas os circuitos eletrônicos, que esconde com óculos escuros.

Olhos biônicos ou retinas artificiais como as vistas em diversos filmes de ficção científica – Blade Runner (1982) é outro famoso exemplo – estão mais próximas de se tornarem realidade. O motivo é a conquista de um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos, que desenvolveu uma câmera eletrônica que muito lembra o olho humano.

Todos os animais têm sistemas de captação de imagem curvos, mas os dispositivos artificiais, como câmeras digitais, empregam superfícies planas. No novo olho eletrônico a captação é feita por uma superfície curva, como a da retina. A novidade foi descrita em artigo na edição desta quinta-feira (7/8) da Nature.

Segundo a revista, o dispositivo simplificará os componentes ópticos usados em câmeras minúsculas e a abordagem de produção de superfícies eletrônicas curvas poderá ter implicações no desenvolvimento de próteses e de dispositivos de monitoramento biológico.

As tecnologias eletrônicas de captação de imagem existentes foram desenvolvidas para uso em materiais semicondutores rígidos, como folhas de vidro ou plástico, que são naturalmente planas. Há duas décadas que cientistas têm tentado desenvolver sistemas em superfícies curvas, mas sem sucesso.

John Rogers, da Universidade de Illinois, e colegas usaram materiais tradicionais de fabricação de sistemas optoeletrônicos em superfícies bidimensionais, mas com a adoção de designs incomuns, que tornaram possível que o dispositivo pudesse ser comprimido e esticado.

Ou seja, os pesquisadores mostraram que layouts planos podem ser transformados em formas curvas, as quais – no caso de sistemas de captação de imagem – permitem ângulos de visão maiores, dispositivos de tamanhos mais compactos e menos distorção nas imagens produzidas.

“Algumas das mais empolgantes áreas para aplicação no futuro envolvem a integração íntima de eletrônicos com o corpo humano, de modos inconcebíveis com as tecnologias atuais. Estamos trabalhando ativamente para explorar possibilidades em monitores de saúde, dispositivos protéticos e sistemas terapêuticos”, disse Rogers.

O artigo A hemispherical electronic eye camera based on compressible silicon optoelectronics, de John Rogers e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Aniversário do telescópio Hubble


O material, produzido a partir das investigações feitas pelas agências espaciais norte-americana (Nasa) e européia (ESA), revela formas espetaculares geradas a partir da colisão entre galáxias a milhões de anos-luz da Terra.

O telescópio entrou em órbita em 1990, pela nave Discovery, após oito anos em construção. Seu nome foi escolhido em homenagem a Edwin Hubble, cujas observações confirmou que o universo estava em expansão.

A princípio, sua missão acaba em 2010, mas a Nasa já sinalizou que, com reparos previstos para serem feitos este anos, sua vida útil deve se estender até 2013.

Confira algumas curiosidades sobre o Hubble:

Custo de lançamento: US$ 1,5 bilhão
Distância da Terra: cerca de 600 km da superfície
Tempo que leva para completar a órbita: 97 minutos
O que o telescópio não pode ver: o Sol e Mercúrio
Volume de informações coletadas: 3 a 4 gigabytes por dia
Energia consumida: em uma órbita média, aproximadamente 3.000 watts

Veja mais no Site do Hubble: http://hubblesite.org/
Fotografias : http://hubblesite.org/gallery/album/entire_collection/

terça-feira, 8 de abril de 2008

Grande Colisionador de Hádrons (LHC)

Vocês vão ouvir muito a respeito do laboratório do CERN, onde está sendo finalizada a construção do maior acelerador de partículas do mundo. Ele fica na fronteira da França com a Suíça, em Genebra. Sua inauguração deve ocorrer no meio do ano, certamente será explorado em questões nos vestibulares no final do ano. Algumas polêmicas já estão sendo geradas, uma delas é sobre a simulação do Big Bang, onde alguns cientistas acham que ela pode destruir o mundo. eu discordo.

Segue uma matéria que saiu no Estadão:

Cientistas querem proibir simulação do 'Big Bang'

Pesquisadores entraram com processo para barrar teste porque acham que experimentos podem ser fatais

Jamil Chade - O Estado de S. Paulo


Experimento seria 'fatal', dizem pesquisadores

Reprodução

Experimento seria 'fatal', dizem pesquisadores

GENEBRA - Cientistas abrem um processo contra o maior laboratório de física do mundo para evitar, segundo eles, o fim do mundo. Em Genebra, o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) irá promover em julho a maior experiência da física nas últimas décadas, fazendo com que dois átomos se choquem em uma alta velocidade e permitindo, assim, o estudo de como teria sido o 'Big Bang'.

A reportagem do Estado teve acesso ao túnel de US$ 8 bilhões criado pelos engenheiros para permitir que o acelerador gigante de partículas seja instalado. O CERN garante que não existem riscos. Mas, na corte federal do Havaí, os cientistas Walter Wagner e Luis Sancho alertam que o choque de protons poderia produzir um buraco negro ou algo que acabaria engolindo a terra.

O processo também acusa o laboratório na fronteira entre a Suíça e a França de não ter feito os estudos ambientais necessários e que as consequèncias do teste poderiam ser fatais. O teste está marcado para meados do ano, depois de vários atrasos e mais de 14 anos de estudos com cientistas de todo o mundo, inclusive brasileiros.

A idéia é estudar a criação de energia no segundo seguinte ao 'Big Bang', além do impacto que o fenômeno teve sobre a vida no universo. A esperança dos cientistas é de que se possa entender melhor como a vida foi criada. Para gerar a velocidade necessária, os cientistas criaram um tunel gigante subterraneo ao redor de Genebra e passando pelo território francês.

O CERN garante que os riscos não existem e que o processo não faz qualquer sentido. Mas a esperança dos cientistas é de que a corte americana dé uma ordem para que os testes sejam cancelados até que fique comprovado sua segurança. O Departamento de Energia dos Estados Unidos, que também fará parte dos testes, é um dos acusados no processo.

Uma audiência em Honolulu está marcada para o dia 16 de junho, poucas semanas antes do teste. A rigor, o CERN não precisaria estar presente, já que não responde à Justiça americana. Em Genebra, os diretores da entidade intergovernamental ironizam o processo. Mas o problema é que o governo dos Estados Unidos é um dos principais atores no projeto e, se a corte tomar uma decisão a favor dos cientistas, Washington teria de reavaliar sua participação. Na prática, o caso poderia atrasar mais uma vez os testes.

A assessoria de imprensa do CERN afirmou não ter entendido o motivo do processo nessa fase do projeto. "Não há nada de novo para que se conclua que o acelerador não seja seguro", afirmou James Gillies, porta-voz do laboratório. Na próxima semana, o laboratório promete divulgar seu terceiro e
último relatório sobre a segurança do teste. Nos dois primeiros, o Cern garante ficou confirmado que não há riscos nem para Genebra, França ou para o mundo. Mesmo assim, o centro de pesquisas decidiu criar mais um grupo de trabalho para avaliar o caso. Um relatório teria de ser apresentado há dois meses. Mas até agora nada foi divulgado.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Avião de papel espacial?

Por isso Físico tem fama de maluco, olha o que os Japas estão fazendo:

TÓQUIO (AFP) - A Agência Espacial Japonesa (Jaxa) lançará um avião de papel da Estação Espacial Internacional (ISS), um experimento que trata com seriedade e do qual espera tirar conclusões para a construção de futuros instrumentos espaciais.

Segundo a agência, aviões de papel dobrado com a forma de uma nave espacial americana passaram em janeiro por testes hipersônicos na Universidade de Tóquio.

Estes cortes de papel especial, de sete centímetros de comprimento e dois de largura, resistiram às velocidades de Mach-7 (sete vezes a velocidade do som) e a temperaturas de 200 graus Celsius, informou a Associação Japonesa de Aviões de Origami, dedicada à tradicional arte japonesa que consiste em dobrar folhas de papel e que estimulou a idéia.

As condições do experimento se assimilam às que enfrentam os instrumentos espaciais quando entram em contato com a atmosfera terrestre.

A primeira experiência foi um sucesso graças ao tipo de papel utilizado, vitrificado e tratado quimicamente, para resistir a temperaturas extremas.

"O retorno do espaço do avião de papel nos dará idéias para conceber novos instrumentos", explicou Shinji Suzuki, professor do departamento de aeronáutica e astronáutica da Universidade de Tóquio.

O principal problema do experimento, previsto para acontecer em um prazo de três anos, é prever onde pousará o avião de papel.

Para isto várias soluções já foram pensadas, como acoplar um minitransmissor até mesmo escrever nele em vários idiomas "Por favor nos avisem se encontrar isto".

Teste no túnel de vento da universidade de Tóquio

Diversão

Só tem louco...
Tem professor ficando maluco, segue o link do blog do Carlão de Itatiba: http://carlospanzarin.blogspot.com/ o FORA DO AR, e do Felão (Valinhos e Itatiba): http://cabecamurcha.blogspot.com/ o CABEÇA MURCHA.

sábado, 22 de março de 2008

As digitais de Einstein em nosso cotidiano

Coluna do Professor Carlos Alberto dos Santos (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul). Publicada na revista Ciência Hoje On-line

No último dia 20, apresentei uma palestra em Porto Alegre, no evento “Einstein e a Inovação”, organizado pela revista Amanhã para premiar as empresas mais inovadoras da região Sul. Na palestra, intitulada “Einstein: quebrando paradigmas, produzindo inovações”, apresentei aquilo que costumo denominar “as digitais de Einstein em nosso cotidiano”. Embora eu tenha apresentado muitas palestras durante o ano de 2005 em torno desse tema, ainda não tinha me dado ao trabalho de transformar o conteúdo em material impresso ou disponibilizá-lo na internet.

Os físicos alemães Albert Einstein e Max Planck em foto de 1929. A explicação de Einstein para o efeito fotoelétrico, contribuição que lhe valeu o Nobel, permitiu demonstrar que a constante formulada por Planck era universal (foto: Landesmuseum für Technik und Arbeit).

As contribuições do alemão Albert Einstein (1879-1955) nos diversos ramos da física e suas repercussões em aplicações tecnológicas são tão numerosas que dificultam a preparação de um texto como este. Se o critério de seleção for muito flexível, chegaremos virtualmente a todas as áreas do conhecimento. Não seria um exagero dizer que há digitais de Einstein em toda parte. Isso não quer dizer, porém, que seus trabalhos tenham sido fundamentais em todas as áreas. Significa apenas que, para onde quer que se olhe, veremos algum sinal de que Einstein passou por ali.

ergunte a alguém que tenha algum conhecimento da biografia de Einstein qual é sua maior contribuição para a tecnologia e provavelmente vai ouvir como resposta: a explicação do efeito fotoelétrico. Este fenômeno, descoberto pelo físico alemão Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894) em 1887, ocorre quando determinado tipo de radiação (luz visível, luz ultravioleta, raios X, entre outras) atinge a superfície de determinados materiais, provocando a ejeção de elétrons.

A explicação do fenômeno desafiou a inteligência humana durante mais de dezessete anos, até o dia em que Einstein teve a idéia de imaginar o feixe da radiação como um conjunto de partículas, cada uma com energia igual à freqüência da radiação multiplicada pela constante de Planck. Foi uma idéia brilhante e audaciosa, uma vez que o próprio Max Planck (1858-1947) acreditava que sua constante não passava de um artifício matemático criado, em 1900, para explicar a radiação de corpo negro.

Constante universal


A teoria do efeito fotoelétrico valeu a Einstein o Nobel de Física de 1921, mas não por causa das suas aplicações tecnológicas. Foi por demonstrar que a constante de Planck era universal, isto é, era algo que deveria se manifestar em diferentes fenômenos físicos. Dito de outro modo, qualquer fenômeno envolvendo a luz deveria ter a participação da constante de Planck na sua explicação.

Esse resultado provocou duas reações opostas. De um lado inspirou o jovem Niels Bohr (1885-1962) no desenvolvimento do seu modelo atômico, que teve como conseqüência o surgimento da teoria quântica, que valeu ao dinamarquês o Nobel de 1922. Por outro lado, o resultado despertou a desconfiança do americano Robert Millikan (1868-1953), que passou 11 anos realizando experimentos para mostrar que Einstein estava errado.

Em 1916, Millikan publicou um artigo mostrando que a teoria do efeito fotoelétrico estava correta. Esse trabalho foi consagrado pela história da ciência como a mais precisa determinação experimental da constante de Planck. Pela determinação da carga do elétron e pela verificação experimental da equação de Einstein para o efeito fotoelétrico, ele ganhou o Nobel de 1923.

Dispositivos como as células fotovoltaicas, usadas na fabricação dos painéis solares, utilizam o efeito elétrico em sua concepção. A primeira célula solar, no entanto, foi produzida antes da explicação desse fenômeno por Einstein (foto: Ian Britton / FreeFoto.com).

Portanto, ao contrário do que muitos imaginam, a mais relevante contribuição de Einstein com o efeito fotoelétrico não se refere às suas aplicações tecnológicas, mas à porta que ele abriu para a teoria quântica.

Na verdade, vários dispositivos que utilizam o efeito fotoelétrico na sua concepção já haviam sido fabricados antes da teoria apresentada por Einstein. Um exemplo interessante é a célula fotovoltaica, muito utilizada atualmente para a fabricação de painéis solares. Embora esse dispositivo, como hoje o conhecemos, tenha sido desenvolvido nos anos 1940, vale registrar que em 1884 o norte-americano Charles Fritts construiu o que hoje é reconhecido como a primeira célula solar – três anos antes da descoberta de Hertz.

Aplicações da relatividade

E a teoria da relatividade, pela qual Einstein é geralmente conhecido, e que para muitos não tem qualquer conexão com nosso cotidiano? O que mais surpreende alguém com pouco conhecimento de física é saber que essa teoria tem inúmeras aplicações tecnológicas. Antes de passarmos a elas, convém lembrar que existem duas teorias da relatividade. A primeira, formulada em 1905, ficou conhecida como teoria da relatividade restrita (ou especial). A segunda, elaborada a partir de 1907, cujo artigo mais importante foi publicado em 1915, foi denominada por Einstein como teoria da relatividade geral.

Em 1925, os físicos mais importantes estavam procurando uma teoria para resolver problemas com átomos de muitos elétrons, uma vez que o modelo de Bohr só funcionava bem para o caso do hidrogênio, que possui um único elétron. Quase simultaneamente surgiram três soluções, todas premiadas com o Nobel de Física.

Interessa-nos aqui considerar apenas a solução apresentada pelo inglês Paul A. M. Dirac (1902-1984) em 1928. Ele partiu da premissa de que a teoria da relatividade restrita era verdadeira para demonstrar a existência do spin do elétron (algo como uma rotação em torno do seu próprio eixo) a partir de fundamentos teóricos, e não de uma hipótese baseada em dados experimentais. Isso ficou conhecido como teoria relativística para o elétron.

A exploração da energia nuclear também é tributária dos trabalhos de Einstein, que demonstrou com a famosa equação E=mc 2 a equivalência entre a massa e a energia de um corpo (foto: Climage Change Connection).

Uma conseqüência imediata da teoria de Dirac foi a previsão do pósitron, uma partícula positiva com massa igual à do elétron, experimentalmente observada em 1933 pelo norte-americano Carl Anderson (Nobel de Física de 1936). Na linguagem da física, o pósitron é a antipartícula do elétron. Atualmente ele é usado em uma técnica de tomografia conhecida como tomografia com emissão de pósitrons. A teoria relativística de Dirac impulsionou sobremaneira os estudos que resultaram no desenvolvimento da física de semicondutores que, por sua vez, originou a indústria eletrônica. Portanto, quando você olha para um equipamento eletrônico, vai ver as digitais de Einstein lá no início daquela tecnologia.

Outra aplicação impressionante da relatividade restrita é a que resultou da famosa equação E=mc 2 , também conhecida como equivalência massa-energia. Essa equação apareceu em um pequeno artigo, com três páginas, publicado em setembro de 1905. Tinha um título curioso: “A inércia de um corpo depende do seu conteúdo energético?” Em linguagem coloquial, seria algo como: o que tem a massa de um corpo a ver com a sua energia? No final do artigo Einstein conclui: a massa de um corpo é uma medida do seu conteúdo energético.

O curioso nessa história é que, no artigo, Einstein aventou a possibilidade de testar a teoria com materiais radioativos descobertos por Pierre e Marie Curie em 1898. Em 1934, no entanto, quatro anos antes da descoberta da fissão nuclear, ele declarou não acreditar ser possível extrair energia em grande escala de processos nucleares. Deu no que deu: depois da fissão em 1938, vieram as tragédias de Hiroshima e Nagasaki em 1945. Embora cercada de controvérsias, a aplicação pacífica da energia nuclear está aí, com uma forte marca do gênio criativo de Albert Einstein.

“Padrinho” do laser

Outra aplicação tecnológica com as digitais de Einstein é o laser (sigla em inglês para “amplificação da luz por emissão estimulada de radiação”), presente em toda parte hoje em dia – nos consultórios médicos e odontológicos, na indústria, nos leitores de CD e DVD, nos “apontadores” que os conferencistas utilizam, nos shows musicais, e por aí vai. O primeiro laser foi fabricado no início dos anos 1960, mas a possibilidade teórica da sua fabricação surgiu em um artigo de Einstein publicado em 1916, hoje conhecido como o artigo dos coeficientes A e B de Einstein.

Esses coeficientes medem as probabilidades de emissão e absorção de radiação, conceitos essenciais para a construção do laser . Ao lado do computador, o laser foi uma das primeiras aplicações tecnológicas resultantes daquilo que antigamente se chamava física do estado sólido, denominada hoje física da matéria condensada (não nos cabe aqui discutir a sutileza entre os dois nomes). O importante é chamar a atenção para o fato de que Einstein também fez grandes contribuições nessa área.

A propósito, um dos seus últimos trabalhos relacionado com a mecânica quântica desperta atualmente grande interesse pelas possibilidades de aplicações tecnológicas. Essa história começou em 1924, quando o jovem e até então desconhecido físico indiano Satyendra Nath Bose (1894-1974) escreveu para Einstein pedindo ajuda para publicar um artigo que havia sido rejeitado pela revista inglesa Philosophical Magazine.

ratava-se de uma elegante dedução da lei de Planck, o que motivou Einstein a traduzir para o alemão e recomendar sua publicação na Zeitschrift für Physik. Em uma nota de tradutor, Einstein escreveu: “O método aqui utilizado também é útil à teoria quântica do gás ideal, como analisarei em outro lugar com mais detalhes”. No ano seguinte, ele cumpriu a promessa e ampliou a estatística quântica de Bose, dando origem ao que hoje conhecemos como estatística Bose-Einstein.

No seu artigo, Einstein concluiu que, se a temperatura de um gás baixar suficientemente, parte das suas moléculas vão para um estado de energia nula (ou quase nula). Posteriormente esse estado físico passou a ser denominado condensado Bose-Einstein. A primeira conseqüência interessante é que, nesse estado, podemos observar fenômenos quânticos em escala macroscópica, um sonho de qualquer estudioso da física. Experimentalmente isso foi obtido em 1995 e, pela façanha, seus autores ganharam o Nobel de Física de 2001.

Relatividade geral

Finalmente, chegamos à relatividade geral, uma teoria tão complexa que, na época de Einstein, costumava-se dizer que não havia mais do que uma dúzia de privilegiados capazes de compreendê-la. Entre suas várias previsões, uma foi comprovada no eclipse total do Sol, observado na cidade cearense de Sobral e na ilha de Príncipe, em 1919. Refiro-me à curvatura de um feixe de luz ao passar nas proximidades de um corpo de grande massa, como o Sol.

Cálculos derivados das teorias da relatividade geral e restrita de Einstein permitem corrigir erros nos relógios atômicos dos satélites do sistema de posicionamento global (GPS). Arte: NOAA.

Pelo desafio intelectual que a teoria impõe, ela tem atraído legiões de jovens físicos e matemáticos em todo mundo, mas também tem ajudado engenheiros a resolver um problema de nossos dias: a correção dos dados fornecidos pelos equipamentos de GPS (sistema de posicionamento global, na sigla em inglês).

Os satélites que fornecem os dados orbitam a uma altura de 20 mil quilômetros. Os dados enviados para os aparelhos de GPS baseiam-se essencialmente em distâncias e tempos. Os relógios atômicos presentes nos satélites sofrem efeitos devidos ao campo gravitacional (o tempo passa mais rápido) e à velocidade do satélite (o tempo fica mais lento). Se não houvesse essa correção, cujo cálculo depende das teorias da relatividade geral e restrita, o GPS poderia apresentar um erro de aproximadamente 11 quilômetros por dia.

Depois de tudo isso, não deve causar qualquer surpresa o fato de Einstein ter sido eleito a personalidade do século 20 pela revista Time. Para os editores, o século passado será lembrado por sua ciência e tecnologia, e ninguém melhor que Einstein para simbolizar tudo o que foi feito nesse período.

Também não impressiona o fato de mais de 20 cientistas terem levado o Nobel de Física por pesquisar temas abordados por Einstein, e tampouco a decisão da Assembléia Geral das Nações Unidas, que elegeu 2005 como o Ano Mundial da Física, para comemorar o centenário dos trabalhos de Einstein publicados em 1905. Incompreensível é que ainda haja atualmente quem tente demonstrar que Einstein plagiou esse ou aquele cientista.


Carlos Alberto dos Santos
Núcleo de Educação a Distância
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

quinta-feira, 20 de março de 2008

Auxílio para o estudo de Física

Este blog tem a finalidade de auxiliar o estudo de física, principalmente para meus alunos. Nele postarei exercícios, aulas, vídeos e notícias.
Grande abraço a todos.
Fabio Teixeira